3/01/2009

A Igreja-Hospital

Um dos assuntos mais polêmicos no mundo das igrejas diz respeito aos pecadores. Não falo de pecadores que chegam, de novos crentes que acabaram de deixar a velha vida; estes fazem a alegria dos pregadores, o prazer dos irmãos, o alivio das famílias. Falo de gente sincera; que por falta de vigilância caiu em tentação, e agora está atolada na lama do pecado. O que fazer com eles?

Não gosto da idéia de igreja-delegacia. A igreja-delegacia é aquela onde equipes de “agentes” são escaladas para observar, investigar e denunciar os que erram. Uma vez confirmada a denúncia, o delator é promovido e o infrator é deportado para a rua da indiferença. Da noite para o dia, os “irmãos” deixam de falar com ele; proíbem-no de assistir aos cultos e até trocam de calçada quando o encontram. Em um ambiente assim, não falta quem queira apontar o argueiro no olho do irmão; embora o seu próprio olho esteja atravessado por uma trave.

Prefiro a idéia de igreja-hospital. Sei que dentro do nosso contexto verde-amarelo, pensar em hospitais públicos e bons soa um tanto utópico. Mesmo assim tento imaginar uma igreja que seja parecida com um hospital público e bom! A igreja-hospital enfatiza que, independendo de seu passado, todo perdido é um salvo em potencial; e precisa de atendimento. Neste caso, quem não pertence à elite, não tem situação financeira confortável, não apresenta aparência física atraente, nem tem um currículo espiritual bom, é bem-vindo assim mesmo.

A igreja-hospital oferece serviço preventivo de saúde da alma. Ela ensina e prega a Palavra sem omissões, sem acréscimos, sem rodeios; com o objetivo de fortalecer a fé de seus membros.

A igreja-hospital também tem procedimentos profiláticos, curativos e até cirúrgicos. Nela, um membro em pecado é advertido, aconselhado e exortado a acertar seus caminhos. Mesmo os lideres e ocupantes de cargos, são afastados de suas funções até que se curem. Há casos no mundo da medicina em que os médicos amputam um dedo cancerígeno, para evitar que a metástase acabe matando o corpo inteiro. Da mesma forma, a igreja-hospital exclui de seu rol de membros aqueles que insistem em permanecer na má conduta. Mas ela não proíbe que membros disciplinados e ex-membros assistam aos seus cultos; pois ao contrário de um dedo amputado que vira lixo hospitalar, há esperança de restauração para filhos pródigos arrependidos. Afinal, onde há mais chances de cura? Na rua ou no hospital?

É bem verdade que em uma boa casa de saúde nem todos se salvam, alguns se perdem; na igreja, isto depende de como cada um irá reagir à pregação da Palavra. A certeza que temos é de que o joio, apesar de bem camuflado, não ficará para sempre misturado ao trigo. Cabe a cada um de nós, continuar cumprindo o seu papel de ajudar e pedir ajuda quando for preciso; lembrando sempre das palavras de São Paulo: “Aquele que pensa que está em pé, tome cuidado para que não caia”.

Pr. Humberto de Lima

Um comentário:

Francinaldo Nascimento disse...

Relmente nós precisamos nos revestir de toda a couraça da justiça, como diz lá em Efésios, para que possamos resistir no dia mau. No caso da igreja hospital. É trivial quando alguém cai, parece que há sempre pessoas de plantão para disseminar fofoca e sensurar o irmão. Nós sabemos que a impureza moral e fisica separa o adorador de seu Deus mas, isso não é motivo de sensura e sim de preocupação para quem está de pé. Devemos nos compadecer e ajudar, pois, estamos sujeitos as mesmas condições.
Nós, da igreja, estamos sempre querendo crentes prontos, mas temos que atentamos, também para os problemas, enquanto estivermos aqui na terra. O importante é não esquecer que Ele é tudo em todos e sobre todos. "Ele é o nosso ponto norteador" e "nós devemos ser sempre o seu ponto zenite"(Francinaldo).

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