8/01/2010

As igrejas e o meio ambiente


George Bernard Shaw (1856-1950) certa vez questionou: - “Nos disseram que quando Jeová criou o mundo, Ele viu que estava muito bom. O que Ele diria agora?” Se maior atenção fosse dada ao Velho Livro, veríamos que princípios de sustentabilidade, atualmente propagados como se fossem novidades, lá estão presentes desde a narrativa de Gênesis. Vejamos, pois, alguns deles:

Se explorar é preciso, preservar é indispensável – Em Gênesis 2:8,15, o texto vetero-testamentário nos diz que “o Senhor Deus tomou o homem e o colocou no jardim do Éden, para o lavrar e o guardar”. Enquanto lavrar significa trabalhar e explorar a terra habitada, guardar significa literalmente proteger, preservar. 

Mais adiante, vemos em Levítico 25:3,4., a seguinte recomendação, dada aos antigos hebreus: “Semeia tua terra durante seis anos e colhe seus frutos. Mas no sétimo ano haja sábado de repouso para a terra, um sábado ao Senhor; não semeies o teu campo nem podes tua vinha”. Esta recomendação tinha como objetivo proporcionar o descanso e a recomposição do solo intensivamente explorado durante os seis primeiros anos.

Sobre o cuidado com os animais, em Deuteronômio 22:6,7., os descendentes de Abraão já liam: “Se encontrares um ninho de pássaros, numa arvore ou no chão, com filhotes ou ovos, e a mãe posta sobre os filhotes ou sobre os ovos, não tomes a mãe com os filhotes. Deixa a mãe ir, podes tomar os filhotes para ti; para que seja para ti um bem e para que possas ter longos dias”. 

Pensemos aqui na lógica preservacionista que se nos apresenta diante de uma situação como essa. Se levarmos a ave-mãe com os filhotes ou com ovos, ficará solto na natureza apenas o macho (incapaz de se reproduzir sozinho) e a espécie entrará em risco de extinção.


Pequenas comunidades auto-sustentáveis são uma alternativa aos grandes centros urbanos - Em Gênesis 1:,28, a Bíblia diz sobre o homem e a mulher: “Deus os abençoou e lhes disse: - Frutificai, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a”. Mais tarde, ainda no mesmo livro, exatamente no capítulo 11, contrariando a orientação dada por Deus no versículo supracitado, os homens tentaram construir a torre de babel e foram veementemente reprovados e dispersos pelo Criador. Fica bem claro, a partir do episódio, que o propósito divino previa uma distribuição populacional que desestimulava a concentração urbana. 

Atualmente, como conseqüência de nossa resistência àquele propósito, vivemos em cidades super populosas, poluídas, barulhentas, quentes, depredadas do ponto de vista natural, caras e inseguras.

Pensemos. Como estaríamos vivendo hoje se desde o começo tivéssemos tido o cuidado de fixar o homem do campo em seu habitat original, se tivéssemos investido em pequenas comunidades harmonizadas com a natureza e treinadas para buscar a sustentabilidade?

Há alguma coisa que a gente possa fazer? - O cuidado com o meio ambiente não deve ser preocupação apenas dos pesquisadores, nem dos políticos, nem dos educadores, nem das ONGs. Como Igreja, devemos lembrar que, embora nossas cabeças estejam voltadas para o céu, nossos pés ainda estão na terra; por isso, devemos fazer o melhor para que o lugar onde nós estamos vivendo não fique parecido com o inferno.

Pastores e demais líderes, como formadores de opinião que somos, podemos pensar, pregar, falar, ensinar, escrever e conversar sobre preservação ambiental. 

Podemos estimular hábitos de consumo saudáveis, desenvolver e apoiar projetos comunitários voltados para o desenvolvimento sustentável. 

Podemos também orientar nossos irmãos para que sejam mais cuidadosos na eleição de nossas autoridades executivas e parlamentares, cobrando destas mesmas autoridades, ações que resultem em melhor qualidade de vida para a flora, para a fauna e para nós cidadãos. 

Então, vamos contribuir para melhorar estes pedacinhos de mapa onde nossas congregações estão inseridas?


Humberto de Lima

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